quarta-feira, 30 de maio de 2012

A LEGIÃO JOGA SOZINHA


Ontem, dia 29/05/2012, rolou no Espaço das Américas, em São Paulo, o tributo à Legião Urbana, realizado pela Mtv, em comemoração aos trinta anos  da fundação da banda em Brasília, em 1982. O show contou com participação dos integrantes originais da banda, Dado Vila Lobos e Marcelo Bonfá, e com o ator Wagner Moura nos vocais.

É de conhecimento geral, que tanto Dado quanto Bonfá nunca foram músicos excepcionais, providos de técnica exuberante, sendo que na Legião, o carro chefe sempre foram as letras, o carisma e a performance do vocalista Renato Russo, morto em 1996. Por outro lado, com meu conhecimento leigo em música, tenho a opinião de que o feeling do músico na maioria das vezes é mais importante que a técnica, o que, a meu ver, se aplica a ambos citados.

Já Wagner Moura, possui uma carreira sólida como ator, reconhecidamente um dos grandes de sua geração, já seu lado cantor é menos conhecido do grande público, porém ele possui uma banda chamada “Sua Mãe”, formada por amigos do ensino médio em 1992. Tecnicamente, ele também não é um primor de vocalista, porém sua experiência como ator lhe dá uma boa desenvoltura, além dele ser um grande fã da banda.

O repertório foi recheado de sucessos de toda discografia da banda, tais como “Há tempos”, “Pais e filhos”, “Será”, “Quase sem querer”, entre outros. Vale destacara a participação do guitarrista e produtor Fernando Catatau na faixa “Andrea Doria”; do músico inglês da banda Gang of Four, Andy Gill, que tocou uma versão de “Damaged Goods”, com participação do baixista Bi Ribeiro, dos Paralamas do Sucesso; a presença no setlist de duas músicas nunca executadas ao vivo pela banda, “A Via Láctea” e “Esperando por mim”, ambas presentes no último disco lançado pela banda “A Tempestade ou O Livro dos Dias”; o vocal de Bonfá em “Teatro dos vampiros” e de Dado em uma versão blues de “Geração Coca Cola”; e as já tradicionais emendas de hits internacionais em músicas do repertório da banda, recurso utilizado desde a época de Renato, no show rolou “Love will tear us apart”, do Joy Division, no final de “Ainda é cedo”, “Stand by me”, famosa na voz de John Lennon, no meio de “Pais e Filhos” e, “Lithium”, do Nirvana, somada à “Perfeição”.

Assisti ao show na TV e curti muito, pois apesar das limitações vocais do Wagner Moura, nasci em 1988 e não tive a oportunidade de ir a um show da Legião, dessa forma, me senti um privilegiado em ouvir aquelas canções sendo apresentadas de forma honesta e com uma plateia mais do que alucinada, em completa catarse, com o efeito causado pelas canções.

No futebol, há um termo usado para descrever a força dos times grandes, que é o seguinte: “A camisa de tal time joga sozinha”, devido à tradição e respeito que certas equipes impõem independente dos jogadores que estejam representando as cores no momento. Creio que isso valha para Legião, as canções feitas por Renato jogam por si só, tem um poder incrível e elevam qualquer interpretação mediana a algo realmente louvável.

Enfim, a homenagem foi mais do que válida e espero que seja um suspiro ao rock nacional que anda meio ruim de inspiração, principalmente nas letras, que esse show motive nossas bandas a fazer algo a mais que rimar amor com dor, ser com fazer e mais com paz.


“Urbana Legio Omnia Vincit”



David Oaski

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