sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

RESENHA: STONE SOUR - HOUSE OF GOLD & BONES - PART 1



Nota: 9,0

Muita gente ainda acha que o Stone Sour é um projeto paralelo do vocalista Corey Taylor, que também canta no Slipknot, porém o que muitos não sabem é que a banda de hard rock surgiu antes da de new metal, encerrando as atividades em 1997 e retomando em 2002.

O fato é que o Stone Sour nunca obteve o prestígio da outra banda de seu frontman, mas nem por isso trata-se de uma banda inferior, muito pelo contrário, ao meu ver é até melhor, com mais variedade sonora, permitindo inclusive que possamos ver a amplitude do talento de Corey como cantor, já que ele é certamente um dos melhores de sua geração.

A banda lançou no final de Outubro seu mais recente álbum, surpreendendo a todos e alcançando o posto de melhor lançamento da carreira dos caras. Há de tudo no play, balada, hard, metal, gritos, vocais limpos e suaves, guitarras pesadas, belas harmonias de violão, tudo isso executado pela ótima banda formada por Corey nos vocais; seu parceiro também de Slipknot, Jim Root na guitarra solo; Josh Hand também nas guitarras; e Roy Mayorga na batera. Além deles, foi recrutado para a gravação o baixista Rachel Bolan, do Skid Row.

Taylor tinha a ideia de lançar um disco duplo ou conceitual, porém acabou optando por lançar o álbum em duas partes, sendo que a segunda sairá meados do ano que vem. As influências citadas pelo músico como inspiração para as gravações vão de Metallica, Soundgarden, Alice in Chains e Pink Floyd, o que já mostra a diversidade sonora buscada pela banda.

O primeiro single lançado foi a dobradinha “Gone Sovereign” e “Absolute Zero”, que são as duas primeiras faixas do play, quase intercaladas, com melodias rápidas, guitarras dando o tom e a voz de Corey dando as boas vindas de forma afiadíssima.

Algumas canções poderiam tranquilamente ser sucessos em rádios rock (as que ainda não faliram), pois são o que os americanos chamam de AOR, que é o rock mais comercial voltado para as rádios FMs, sendo que se enquadram nessa facilmente a grooveada “A Rumor of Skin”, que possui um bom solo; “Tired” que também tem boas guitarras, mostrando toda a versatilidade de Jim Root que vai bem no peso do new metal, na leveza de baladas e na energia do hard rock; e ainda há espaço para “Gallows Humor”, bônus track da versão japonesa do álbum que também segue a característica das anteriores.

As duas partes de “The Travellers” compõem uma bela faixa, tendo a primeira um lindo arranjo com um violão acompanhando a voz suave de Taylor e no final entram violinos e piano, dando um toque sensível e belo à canção. Já a segunda parte é um pouco mais pesada e soa exatamente como um complemento da primeira.

Outro destaque do álbum são as letras, que em sua maioria tratam da condição decadente da nossa sociedade e dos valores e princípios cada vez mais desvirtuados dos indivíduos. Além disso, ainda sobra espaço para melancolia, como na belíssima “Taciturn”, que inicia somente com voz e violão, mas encorpa com o resto da banda acompanhando e tem um dos melhores solos de guitarra do disco.

A agressividade também sempre presente nos discos da banda vem à tona na excelente “RU486” que remete aos pontos altos de metalcore; “My Name Is Allen” também é cantada de forma quase gutural, porém com a melodia mais puxada para o hard heavy, lembrando em alguns trechos metal industrial do Nine Inch Nails, por exemplo. Já com “Last of the Real”, Taylor dá show alternando seus estilos vocais facilmente dentro da mesma canção. Enquanto por outro lado, “Influence of a Drowsy God” tem boa letra e lembra alguma música recente do Linkin Park.

Creio que esse disco irá tirar de vez o Stone Sour da aba da banda co-irmã Slipknot, pois além de possuir um repertório excelente, parece dar os rumos do que vem a seguir no heavy metal atual. Afinal, com a mescla das diversas influências citadas, os caras tiraram do forno um disco forte, consistente e, acima de tudo, muito bom.

Ao listar os melhores do ano, coloquei o “King Animal”, do Soundgarden em primeiro lugar, porém a cada audição de “House of Gold...” fico em dúvida se fiz a escolha certa.

Resumindo, é rock de altíssima qualidade.



David Oaski

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