sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A BANDA QUE FOI ALÉM DO METAL


Me peguei pensando no porquê do Metallica ter conseguido transcender o heavy metal e cheguei no momento em que isso aconteceu, que todos sabem foi com a repercussão do lançamento do “Black Album”, lançado em 1991, com os clássicos “Enter Sandman”, “Sad But True”, “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters”. O disco além de ter composições fantásticas, com melodias e letras inspiradas, trazia uma banda em ascensão, que apesar de se mostrar muito promissora, ninguém imaginava que fosse ultrapassar todos os limites do tradicional cenário do heavy metal, que até hoje possui um público pra lá de conservador. Agora por que o Metallica transcendeu o heavy metal?

Quando se fala em clássicos, se pensa logo em Black Sabbath, que é considerado o precursor da estética e melodia do heavy metal, no Judas Priest, que estabeleceu o visual e o Iron Maiden, que influenciou dez em dez bandas de metal melódico. No entanto, mesmo essas bandas não possuem grande idolatria fora do circuito do metal. O que mais se aproxima disso é o Maiden, mas mesmo estes, possuem um perfil de fã mais ligado ao metal tradicional e não ao rock n’ roll de um modo geral. Nenhuma dessas chega perto do Metallica quando se diz respeito a ter um hit reconhecido do Oiapoque ao Chuí.

O que torna o Metallica tão diferenciado entre as bandas de heavy metal? Difícil de explicar, mas creio que eles tenham conseguido – principalmente no já citado álbum preto – fundir melodia e peso na medida certa, mantendo o respeito dos fãs de música pesada e angariando milhões de novos fãs ao redor do mundo com canções que poderiam tocar na rádio, passar o clipe na tv em qualquer programa, independente de rótulos. Além disso, o vocal e o estilo de tocar do James Hetfield é totalmente único, com um timbre poderoso e cativante, o frontman talvez tenha sido um dos principais responsáveis pelo Metallica ter conquistado o mundo do rock, além da cerca do metal tradicional.


Vale ressaltar também que a banda conseguiu se desprender daquele ranço do público tradicionalista do metal de que não pode isso, não pode aquilo, se fizer isso vai estar se vendendo, enfim, uma série de besteiras. Resolveu fazer videoclipes e fez, mesmo se contradizendo; resolveu gravar um disco com mais melodia buscando o sucesso comercial e o fez; quis se aproximar de um som mais atual no final dos anos 90 e, apesar da rateada, arriscou; se dispôs a gravar um disco com uma orquestra e gravou; e o principal, se permitiu ser gerido como uma empresa, como a maioria das grandes bandas fez, vide o Kiss, Rolling Stones e afins, por mais que manche a visão romântica que se tem da coisa, esse é o único jeito de uma banda durar por tanto tempo.

Sem muito apego a cultura do gênero tradicionalista que é o heavy metal, o Metallica foi a banda que voou mais alto dentro desse estilo, o que é extremamente louvável, já que conservadorismo nunca combinou com rock n’ roll.

E na sua opinião, você concorda que o Metallica é a banda que mais conseguiu transpor as barreiras do heavy metal? Se sim, por que?



David Oaski


terça-feira, 27 de novembro de 2012

70 ANOS DE JIMI HENDRIX


Não há como fugir desse clichê, Jimi Hendrix é o melhor guitarrista de todos os tempos, considerado por dez entre dez guitarristas. Você pode ter suas preferências, mas o norte americano, canhoto e negro ultrapassou todos os limites que qualquer rótulo que pudesse ser aplicado.

Nascido em Seattle, Jimi foi descoberto por empresários ingleses, fato que fez com que ele primeiramente estourasse na terra da rainha, chamando atenção desde suas primeiras atenções dos Beatles, de Eric Clapton, Jeff Beck e toda safra de músicos geniais que habitavam a Inglaterra no final dos anos 60 e começo dos 70.

Durante sua meteórica carreira, lançou três discos com sua principal banda, The Jimi Hendrix Experience, ao lado do baixista Noel Reeding e do baterista Mitch Mitchell, revolucionou a música, desde seu primeiro disco, considerado por muitos, como sendo o melhor disco de estreia de todos os tempos, o debut “Are You Experienced”, de 1967,  já continha tudo, como se ele soubesse que havia pouco tempo nesse plano. Clássicos como “Foxy Lady”, “Purple Haze”, “Hey Joe” e “Fire” dão ao disco um tom de greatest hits, tornando sua audição fascinante pra qualquer ser humano com mais de dois neurônios ativos. Ecoam pelo álbum desde psicodelia ao funk, passando pelo soul e o rock da época, tendo como cereja do bolo a onipresente guitarra do gênio, dando suingue a tudo, abrilhantando cada acorde.

Somente seis meses depois, a banda lançaria o chapado “Axis: Bold as Love”, esbanjando psicodelia, o álbum é o menos lembrado da curta discografia de Jimi, porém contém as incríveis “I 6 Was 9”, “Up From The Skies” e “Little Wing”, que são joias que muita banda com vasta discografia não possui.

Já em 1968, eles lançariam o que seria o último registro em estúdio lançado em vida por Hendrix, “Electric Ladyland” traz novamente Jimi beirando a perfeição ao longo das dezesseis faixas desse disco duplo, que possui o clássico “Voodoo Child”. Novamente se vê uma miscelânea sonora, num caldeirão de influências apimentado pelo talento do guitarrista.

Após o final da The Jimi Hendrix Experience em 1969, Hendrix ainda lançaria o disco ao vivo “Band of Gypsys”, dessa vez ao lado do baixista Billy Cox e do baterista Buddy Miles. Ainda seriam lançados inúmeros álbuns póstumos após a morte de Jimi.

Em setembro de 1970, Hendrix faleceu, com causas até hoje misteriosas, sendo a possibilidade mais convincente a de que ele tenha se engasgado com o próprio vômito após uma bebedeira infinita numa festa na noite anterior. Hendrix teve uma vida desregrada – como quase todos artistas da sua geração – com abusos de drogas, bebidas alcóolicas e remédios, o que acabou lhe custando a vida, aos 27 anos de idade.

Apesar da vida breve e dos poucos lançamentos em vida, Jimi Hendrix deixou um legado quase que incomparável na história não só do rock, mas da música mundial, sendo um dos poucos que faz jus a alcunha de gênio. Dosando na medida certa, virtuosismo, técnica e muito talento, deu o norte para todos que empunharam o instrumento a seguir, virando uma espécie de guru adorado por todos que apreciam o instrumento das seis cordas.


É quase impossível pensar em Jimi Hendrix e não se lembrar da incrível cena do mesmo incendiando sua guitarra no festival Monterrey, em 1967 e ela traduz muito o que foi o músico: incendiário. Tocou fogo no mundo da música e saiu fora, deixando o incêndio totalmente fora de controle.



David Oaski

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

SELEÇÃO BRASILEIRA OU SELEÇÃO POLÍTICA?



Sou completamente apaixonado por futebol, nunca falei sobre isso aqui no blog, talvez por não associar muito o conteúdo do blog ao esporte rei, o que na verdade se mostra incorreto, futebol apesar de ser empesteado pelos pagodes, dancinhas, penteados e afins é um esporte, na sua essência, muito rock n’ roll.

O que me motivou a escrever esse post foi a demissão do técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, na sexta-feira (23/11/12), mostrando total falta de preparo e senso de organização por parte dos gestores do futebol no nosso país.

Quando o eterno presidente da CBF, Ricardo Teixeira anunciou sua saída em meados desse ano, era total a esperança de renovação nos ares e rumos do futebol brasileiro. Falsas esperanças. Logo no início da gestão, o novo presidente José Maria Marin optou por dispensar o bom treinador Mano, que assumiu a seleção após o fracasso de Dunga na Copa do Mundo de 2010, ficando no cargo pouco menos de dois anos. Decisão totalmente descabida e sem propósito no momento.

Mano teve uma campanha instável, com momentos bons e outros muito ruins, como era de se esperar de um técnico incumbido de renovar uma seleção. Fracassou na Copa América e foi medalha de prata nas Olímpiadas, ok, dois resultados frustrantes, mas que fazem parte do trajeto. O fato é que Mano vinha melhorando o estilo de jogo da seleção brasileira, que aos poucos ganhava forma, sem chutões, com saída de bola no chão, com a ótima dupla de zaga formada por Thiago Silva (Paris Saint Germain) e David Luiz (Chelsea), compondo a linha de defesa com dois dos melhores laterais do mundo, Daniel Alves (Barcelona) e Marcelo (Real Madrid), escalando nos últimos jogos dois volantes com muita categoria (reclamação constante das últimas seleções compostas por volantes “brucutus”) Paulinho (Corinthians) e Ramires (Chelsea), tendo como meia armador, o promissor Oscar (Chelsea), com o apoio do experiente e pouco utilizado em seu time Kaká (Real Madrid), sempre com o destaque cabendo ao melhor jogador brasileiro do momento, o talentoso Neymar (Santos).

Com um bom grupo de jogadores e impondo um estilo atual à seleção, Mano vinha progredindo, porém os analistas de resultados insistem em pegar como critério as derrotas para seleções prontas, como Argentina e Alemanha e se esquecem que a seleção de Dunga, com Gilberto Silva e afins ganhou a Copa América e Copa das Confederações e morreu nas quartas de final da Copa do Mundo, diante da Holanda.

No Brasil, infelizmente, a cultura popular transforma os campeões em gênios e os perdedores em relegados. Por exemplo, um dos treinadores mais cotados para substituir Mano no comando técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, o Felipão, comandou o Brasil na última copa conquistada, em 2002, com um time fraco, com três zagueiros, com uma convocação pra lá de questionável, porém contou com uma atuação abençoada de Ronaldo e Rivaldo, que garantiram o título. O mesmo pode se dizer da seleção de 1994, que praticava um futebol horrível, de um técnico que hoje é tido como top, Carlos Alberto Parreira, cujo estilo implantado em seus times me dá náuseas, com troca de passes infinitas entre zagueiros e inversão de bola de lateral pra lateral, um saco! Enfim, é preciso ir além dos resultados para se discutir futebol, vide a seleção de 1982, que contava com craques como Zico e Sócrates e não ganhou a Copa, azar da copa, como dizem alguns jornalistas.

A meu ver, a única escolha para substituição de Mano que se justificaria seria de Pep Guardiola, ex treinador do Barcelona, que fez o melhor trabalho do futebol em muitas décadas, com um time que ganhou tudo, jogando um futebol totalmente inovador e praticando espetáculos em quase todos os jogos. Porém, ao que parece a ideia foi rechaçada de primeira pelos dirigentes provincianos da CBF, alegando que treinador estrangeiro não daria certo. Uma burrice sem tamanho, até porque o treinador espanhol já teria declarado interesse em assumir a função. É algo como desprezar uma mulher linda e gostosa para ficar com uma baranga.

Há muito tempo não tenho muito interesse pela seleção brasileira, interesse esse compartilhado pela maioria dos torcedores do país. Primeiro que a seleção deixou de ser brasileira, sendo quase todos os jogos fora do país, além disso, jogadores milionários e popstars, com pouca entrega e determinação, mais preocupados com o telão e o próximo penteado não conquistam de forma nenhuma minha simpatia.

Acho engraçado que ainda tem gente que associa torcer ou não pra seleção como um gesto de patriotismo. Faça-me o favor né. Quer dizer que gosto mais ou menos do país por não me interessar por uma seleção cada vez mais movida por interesses políticos pra lá de questionáveis, com jogadores sem nenhuma identidade com o extrato real da população, com dancinhas ridículas e cultura igual ou menor ao de uma porta? Ok, se é assim, então não sou patriota.

É difícil falar que não irei torcer pra seleção na Copa do Mundo de 2014, que por acaso será realizada no Brasil, pois quando a bola rola é difícil ficar neutro, mas é fato que o envolvimento afetivo é imensamente menor do que o que tenho pelo meu time de coração.
Infelizmente, parece que esse estado de quase morte da seleção é irreversível.



David Oaski



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

OS 50 DISCOS - IDEOLOGIA ROCK



Vi no bom site de música, Tenho Mais Discos que Amigos, nessa semana, uma lista retirada dos diários de Kurt Cobain, então líder do Nirvana, onde ele listava seus 50 álbuns preferidos em todos os tempos. Lá, entre muita coisa alternativa, havia discos do R.E.M., Pixies, Aerosmith, entre outros.

Achei interessante o exercício de listar os meus 50 álbuns preferidos até hoje e me diverti tentando puxar pela memória os plays que mais me marcaram. A minha lista consiste basicamente em rock, vai de clássico (Led Zeppelin, AC/DC, Beatles, etc) ao contemporâneo (System of a Down, Black Keys), passando pelo rock nacional (Ira!, Titãs), mas também há espaço para MPB (Zé Ramalho, Jorge Ben, Novos Baianos) e alguma outra coisa (Amy Winehouse, Bob Marley, Michael Jackson e Racionais).

Lembrando que a lista não está na ordem de preferência, pus somente os números para nortear a quantidade. Bom, vamos a ela:


1-     Nevermind – Nirvana
2-     Wasting Light – Foo Fighters
3-     Blood Sugar Sex Magic – Red Hot Chili Peppers
4-     Core – Stone Temple Pilots
5-     Ten – Pearl Jam
6-     Back in Black – AC/DC
7-     London Calling – The Clash
8-     Toxicity – System of a Down
9-     Phisical Graffiti – Led Zeppelin
10- Led Zeppelin IV – Led Zeppelin
11- Songs for the Deaf – Queens of the Stone Age
12- Vulgar Display of Power – Pantera
13- Master of Puppets – Metallica
14- Back to Black – Amy Winehouse
15- Abbey Road – The Beatles
16- Appetite for Destruction – Guns N’ Roses
17- Toys in the Attic – Aerosmith
18- Chronicle, Vol. 1 – Creedence Clearwater Revival
19- Thriller – Michael Jackson
20- Rage Against the Machine – Rage Against the Machine
21- Definitely Maybe – Oasis
22- Brothers – The Black Keys
23- Sublime – Sublime
24- Catch a Fire – Bob Marley
25- The Colour and The Shape – Foo Fighters
26- Cabeça Dinossauro – Titãs
27- Dois – Legião Urbana
28- Vivendo e Não Aprendendo – Ira!
29- Nós Vamos Invadir Sua Praia – Ultraje a Rigor
30- A Revolta dos Dândis – Engenheiros do Hawaii
31- Afrociberdelia – Chico Science & Nação Zumbi
32- Carnaval – Barão Vermelho
33- Lavô tá Novo – Raimundos
34- África Brasil – Jorge Bem Jor
35- Acabou Chorare – Novos Baianos
36- Kiss – Kiss
37- O Passo do Lui – Os Paralamas do Sucesso
38- Vida Bandida – Lobão
39- Sobrevivendo no Inferno – Racionais Mcs
40- Usuário – Planet Hemp
41- A Peleja do Diabo com o Dono do Céu – Zé Ramalho
42- King – Ha, Bandolo! – Raul Seixas
43- Audioslave – Audioslave
44- Contraband – Velvet Revolver
45- Are You Experienced? – Jimi Hendrix
46- Smash – Offspring
47- Dookie – Green Day
48- Sonho Médio – Dead Fish
49- Ill Communication – Beastie Boys
50- Van Halen – Van Halen


No auge da ‘experiência’ dos meus vinte e poucos anos, esses são os discos mais importantes pra mim, mas é claro, ainda pretendo mergulhar mais fundo na discografia de bandas como Rolling Stones, The Who, entre outras e conhecer um pouco mais sobre jazz e blues.

Por ora, é isso, vamos evoluindo, ouvindo novos sons e ampliando os horizontes musicais.



David Oaski


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CULTURA DO CAPITAL




Você vive pra ganhar dinheiro? Parabéns! Eu não...

Parabéns por fazer parte de uma cultura que só cresce a cada dia em que a sociedade vê quem não está inserido nela como um vagabundo ou irresponsável.

Todos sabem que, por bem ou por mal, na sociedade em que vivemos, precisamos de dinheiro pra viver. É obvio. Caso o indivíduo não queira trabalhar ou viver da forma como o sistema se desenvolveu no decorrer dos séculos, deve se matar ou procurar alguma sociedade alternativa.

O que, ao meu ver, é totalmente lamentável, é como as pessoas direcionam totalmente suas vidas ao acúmulo de papel moeda, vulgo dinheiro, ou ainda bufunfa, money, cash, cascalho, vintém, grana, entre outros. Quase todo mundo quer ter conforto, um veículo, uma casa própria, poder fazer uma viagem aqui outra ali, daí a direcionar sua vida a acumular uma coisa que você não leva pra onde quer que vá depois desse plano, não faz sentido.

As pessoas chegam ao ponto de escolherem a profissão que vão seguir por toda a vida através do critério da remuneração, resultando em inúmeros profissionais bem remunerados, porém infelizes. Esse pra mim é o grande ponto, não adianta ter muito dinheiro e ser um ser humano totalmente desprezível, sem respeito e consideração ao próximo, muito menos ser um cara infeliz pra ter uma condição de vida que é tida pela sociedade como ideal. Ideal é o cacete! Quem pode dizer o que é ideal pra você, além de si próprio? O problema é que pensar por si próprio anda muito complicado, mais fácil nadar com a maré o tempo todo.

Trabalhe duro, reclame menos e lute pelos seus objetivos, porém com foco no bem estar e no aprendizado, se o dinheiro vier como isso, ótimo, mas se a remuneração não for suficiente pra comprar uma casa em Angra não se sinta mal por conta disso, reveja suas prioridades, olhe ao seu redor, analise o que você necessita de verdade e, o principal, não confunda ganancia com ambição.

Graças a Deus tenho discernimento suficiente para saber que não preciso de uma mansão e um carro do ano pra ser feliz, mas sim de saúde e pessoas honestas ao meu lado, de resto a gente batalha no dia a dia.



David Oaski

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

RESENHA: SOUNDGARDEN - KING ANIMAL




Nota: 9,0

O Soundgarden anunciou seu retorno em 2010, quatorze anos após o lançamento do último álbum e treze após o anúncio do fim da banda. Desde então, surgiu a expectativa se a banda voltaria pra valer com novas composições ou se tratava de mais um caça níquel, como algumas bandas que vemos por aí. Com o lançamento de “King Animal” temos a clara resposta de que a banda voltou pra valer e se encontra no auge da forma.

Pra quem não sabe, o Soundgarden foi uma das principais bandas do movimento grunge, sendo a primeira a fechar com uma gravadora e teve uma carreira das mais sólidas, lançando cinco discos entre 1988 e 1996, com grandes hits, tais como “Black Hole Sun”, “Outshined”, “Rusty Cage”, “Jesus Christ Pose”, entre outros.

Durante o hiato após o fim da banda, Cornell investiu numa interessante carreira solo, formou com os ex integrantes do Rage Against The Machine, o ótimo Audioslave e voltou a excursionar sozinho, até anunciar a volta da banda, ao lado do baterista Matt Cameron (que também toca no Pearl Jam), do subestimado guitarrista Kim Thayil e do baixista Bem Shepherd.

O disco já abre com a agressiva “Been Away Too Long”, com o sugestivo título, já que a banda retorna aos holofotes após algum tempo e em grande estilo, com este excelente primeiro single, que é certamente uma das melhores músicas do ano. Lembra um pouco as composições recentes do Pearl Jam, quem sabe por alguma colaboração de Matt Cameron. Chris segue cantando demais e a banda está muito bem entrosada mesmo após o longo hiato. Na faixa se destacam-se também as guitarras de Kim Thayil, com algumas viradas no ritmo, sem perder o peso num só minuto. Excelente cartão de visitas pra esse novo álbum.

“Non State Actor” já começa com um grito de Cornell, mas tem mais groove que a anterior, mas também é excelente, com boa letra, aliás outra característica da banda, a de sempre contar com composições de qualidade, tanto na melodia quanto nas letras. Já “By Crooked Steps” possui um riff de guitarra que permeia a canção num andamento mais arrastado. Tem um ótimo solo de guitarra, além de Chris cantando em dois canais diferentes, o título da música por sobre as estrofes em alguns momentos.

“A Thousand Days Before” remete a um country, um pouco pelos timbres da guitarra, que são o grande destaque da faixa. Como já foi dito, Kim Thayil é um daqueles guitarristas cujo timbre pode ser notado no primeiro acorde, de forma que as guitarras sempre foram destaque nas melodias da banda, Kim seria algo como o Johnny Marr (The Smiths) do Soundgarden, o cara que carrega pelo menos metade do DNA da banda nos dedos, o restante está na garganta de Cornell.

A quinta faixa “Blood On The Valley Floor” é mais densa, arrastada e lembra as raízes do Soundgarden. “Bones of Birds” começa cantada com a voz mais suave que lembra os lados B do Audioslave. É impressionante como Cornell consegue diversificar seu estilo vocal, impondo suavidade, romantismo ou agressividade de acordo com o que a canção pede. Seguindo a mesma linha, “Taree” possui um andamento simples de guitarra que gruda na mente, há também um bom solo de guitarra.

“Attrition” é a música mais curta do álbum e retorna com a energia das primeiras faixas, com uma melodia mais acelerada, as tradicionais guitarras entrelaçadas de Chris e Kim. Outra ótima canção, com um bom solo e Cornell cantando por sobre o andamento da guitarra.

O clima fica mais intimista na primeira parte de “Black Saturday”, com violão e percussão, depois a melodia amplia com guitarras, baixo e bateria. A canção fica um pouco mais densa no meio, depois retorna com a letra e melodia melancólica da canção. O clima semi acústico segue em “Halfway There”, que também inicia com o violão acompanhando a voz de Cornell, porém numa melodia mais ensolarada. Poderia tocar na rádio (se ainda tocasse rock no rádio). Leve andamento de guitarra, novamente com um bom solo. É a canção mais pop do disco.

“Worse Dreams” inicia com um riff de guitarra que se repete e a linha de baixo tem grande destaque numa faixa diferente, pesada, dando um clima tenso aos piores sonhos, do título da música. A penúltima música “Eyelid’s Mouth” lembra o Soundgarden antigo, com a melodia arrastada e vocais apurados, limpos e com efeitos de Cornell, além disso, o solo de guitarra é dos melhores do play. A faixa derradeira “Rowing” é outro dos muitos destaques do álbum, com uma levada carregada, com bateria eletrônica e as guitarras entrelaçadas permeando o andamento da canção. A voz de Cornell puxa tudo para si, como um magnetismo melódico que põe tudo em seu devido lugar. Solo de guitarra devastador para fechar o disco dando graças à Deus pelo retorno desses caras.

Melodicamente falando talvez o Soundgarden seja a grande banda da safra de Seattle, apesar de não ter feito tanto sucesso quanto seus conterrâneos mais famosos, eles sempre imprimiram personalidade e originalidade às suas canções, gravando bons discos no decorrer da carreira. Com esse retorno, eles mostram que essa fonte criativa ainda está a pleno vapor, ao contrário de outras bandas que retornam sem ter muito o que dizer, os caras gravaram um disco que não soa nostálgico ou um resgate sonoro em momento nenhum, pelo contrário.

Está tudo aqui, a distorção, a agressividade, a melancolia, porém revitalizado, com uma boa dose de energia e canções que possivelmente a banda não teria gravado dez, quinze anos atrás, mostrando que tanto a pausa quanto o retorno fizeram bem à banda.

Os destaques do disco são os mesmos de toda discografia da banda, Cornell que é certamente um dos maiores cantores do rock em todos os tempos (os tradicionalistas que se cocem) e Kim, com suas guitarras extremamente únicas e originais.

Bom, ao terminar a audição do disco, você certamente terá a mesma sensação que tive, o mundo já pode acabar, pois temos aqui, o melhor disco do ano!





David Oaski


Vídeoclipe do primeiro single do álbum
  

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

SAUDADES DO OASIS...



Você está em 1994. A onda grunge de Seattle que havia invadido o mundo em 1991 está com o futuro indefinido após o suicídio de Kurt Cobain, líder do Nirvana e, principal nome do movimento. O marasmo paira no cenário da música mundial, os grandes nomes estão na ativa, mas o começo da década havia sido excelente, com lançamentos de impacto de nomes como Metallica, Iron Maiden, Pearl Jam, Alice In Chains, Stone Temple Pilots, R.E.M., entre outros, ou seja, o parâmetro é muito alto e parece que a curva de qualidade no cenário da música pop mundial tende a descer.

Em meio a essa indefinição, você está assistindo a Mtv (sim, as pessoas assistiam esse canal nessa época) quando começa um videoclipe com a introdução na bateria, um ruído na guitarra, alguém caminhando numa poça, um cara marrento que parece ser um cantor e outro marrento iniciando os acordes na guitarra de “Supersonic”, era a banda inglesa Oasis, liderada pelos irmãos Galagher (Liam e Noel). À primeira audição, você já percebe que o marasmo acabou ali. Aquela não era mais uma banda, era uma grande banda!

Essa canção estava presente no disco de estreia da banda, o arrasa quarteirão “Definitely Maybe”, que além dessa, continha as já clássicas: “Live Forever” e “Cigarettes & Alcohol”, e na época foi o álbum de estreia que mais rápido vendeu na Grã Bretanha.

No ano seguinte, em 1995, a banda superaria o trauma do segundo disco em grandíssimo estilo, com sua obra de arte, “(What’s The Story) Morning Glory”, que contém as conhecidas mundialmente “Wonderwall”, “Don’t Look Back In Anger” e “Champagne Supernova”. O disco é uma daquelas obras que beiram a perfeição, contém pop e rock na medida certa, com estética apurada na produção, banda entrosada e um excelente repertório, que já deixava claro o talento para composição do irmão mais velho, Noel. Com tudo isso, somado ao carisma torto de Liam, esse disco é o terceiro mais vendido na história da Inglaterra.

Em 1997, o Oasis voltaria com “Be Here Now”, com os integrantes no auge do uso da cocaína, consagrou as baladas: “Stand By Me”, “Don’t Go Away” e “All Around the World”. Novamente o álbum era sucesso absoluto e a banda caminhava tranquilamente com o status de maior banda do mundo.

Dali ainda viriam mais quatro álbuns: “Standing on the Shoulder of Giants”, de 2000, em que a banda soa mais psicodélica do que nunca; “Heathen Chemistry”, de 2002, mais cru, sem tanta produção e com excelentes músicas, como a melancólica “Stop Crying In Your Heart Out”; “Don’t Believe the Truth”, de 2005; e “Dig Out Your Soul”, de 2008. Todos com boa repercussão e pontos altos, mas sem superar a trinca do início da carreira.

Ao montar uma playlist com reprodução aleatória no serviço, me deparei com “Supersonic” e pensei: “Como esses caras fazem falta!”. O Oasis encerrou as atividades em 2009, após desentendimento dos irmãos que comandavam a banda. Desde o início da banda, sempre ficou claro (inclusive em declarações públicas) que os dois não se bicavam, mas ao que parecia conseguiam separar as coisas com relação à banda, exceto quando Liam não subiu ao palco do Unpplugged Mtv, quando Noel cantou o repertório inteiro.

Com o fim da banda, Liam com o restante do grupo, fundou o Beady Eye e Noel saiu em carreira solo e ambos tiveram seusprimeiros álbuns entre os mais elogiados do ano de 2011, mas a mágica mesmo se faz com os irmãos juntos.

Encabeçando o movimento que foi chamado de britpop, que continha ainda bandas como Blur, The Verve, Suede, Manic Street Preachers, entre outros, o Oasis se destacou com suas melodias pop, talento e uma boa dose de arrogância, todos os elementos que compõem e estruturam a carreira dos gigantes do mundo do rock.

Lembro que a banda sofreu no início com comparações que insinuavam que a banda não passava de uma imitação dos Beatles, porém com o passar do tempo, nota-se que a grande semelhança do Oasis com seus ídolos de Liverpool é que se tornaram gigantes do rock.




David Oaski





sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O ALIENADO E O 'INTELECTUAL'




Todos têm o direito de se expressar. Eu mesmo, nos meus textos, questiono diversas coisas e reclamo por causas que penso que devem ser melhoradas e estão erradas na nossa sociedade em diversos âmbitos.

Porém, cada vez mais nos nossos tempos, surge uma categoria nova, a dos reclamões. Reclamam por qualquer coisa, com ou sem razão, o interessante é nadar contra corrente, discordar com ou sem argumentos. As causas são diversas, desde a vontade de aparecer, até a necessidade de se mostrar mais inteligente que outra pessoa, passando, é claro, pela pura vontade de tumultuar (ou exuzar, como se diz na gíria).

Não estou aqui criticando quem luta por causas dignas, protesta por seus ideais e reclama com motivos, bons argumentos e em prol de uma causa, mas sim daqueles que reclamam por reclamar, atirando para todos os lados, como se isso fizesse do indivíduo mais esperto e sagaz que os outros.

Alguns exemplos desse tipo de comportamento, são aqueles que reclamam de modinhas. A expressão por si só já é suficiente pra me incomodar, afinal certa coisa é legal ou não, como por exemplo, andar de stand up parece ser super divertido, além de ser um esporte; comer temaki é saudável, muito melhor que ir ao Mcdonalds; andar de patins também faz bem. Ou seja, nesse caso, o comportamento adotado só trará benefícios a quem está desfrutando, independentemente de ser ou não uma mania da época. O que é prejudicial nesse caso, é frequentar lugares que você não se sente a vontade só pra ser ‘cool’ e estar na moda, ou ouvir determinado tipo de música por tocar na rádio. Isso sim é deplorável.

Outra coisa que incomoda, é a falta de distinção quanto a alguns argumentos sobre coisas que caem no gosto popular, como se tudo que o povo gosta fosse um lixo. Ok, a maioria das coisas é realmente um lixo, porém não se pode generalizar, há sim boas novelas, bons cantores, cantoras, bons programas de tv, etc. Além disso, esse papo de que Tv Globo aliena  a população já encheu o saco né?! Com o tanto de informação que se tem disponível ao alcance de qualquer um, ficar culpando uma emissora de tv pela alienação do povo, ao meu ver, já é um pouco demais.

Resumindo em miúdos, tem muito pseudo intelectual dando uma de otário e sendo tão ignorante e retrógrado quanto qualquer alienado.

E você, concorda ou discorda?



David Oaski


terça-feira, 6 de novembro de 2012

RESENHA: MUSE - THE 2ND LAW



Nota: 7,5

A banda britânica Muse lançou a pouco mais de um mês seu mais recente álbum, “The 2nd Law”, que traz de volta suas principais características, o clima de ópera misturado com rock alternativo, com preciosas melodias de guitarra, apoiadas em teclados e muitas vezes por orquestras que dão um tom grandioso ao som da banda. Porém, nesse lançamento somam-se a esses traços já conhecidos da banda, o maior uso de referências eletrônicas, como o dubstep, recurso cada vez mais utilizado por artistas da música pop.

Esse é o sexto álbum da banda, formada em 1994, que tem na sua formação principal Matthew Bellamy nos vocais, guitarra, piano e sintetizadores; Christopher Wolstenholme no baixo e backing vocals; e Dominic Howard na bateria, percussão e sintetizadores. Após atingir sucesso mundial com seu quarto álbum, “Black Holes and Revelations”, de 2006 e aumentado ainda mais seu prestígio com “The Resistance”, de 2009, a banda volta sem se acomodar com um disco que foge do marasmo.

O disco abre com o Muse de sempre em “Supremacy”, estão lá os timbres pesados da guitarra de Matt, a orquestra ora pesada, ora suave ao fundo, a bateria anunciando uma espécie de marcha fúnebre (ou militar?) e os vocais traçando os caminhos que a melodia seguirá. A música tem algumas fases, como já foi dito, inicia suave, encorpa no refrão, volta a suavizar, depois vira quase uma algo como um heavy metal progressivo, com Matt cantando de forma agressiva, a música possui uma variação contínua de peso e melodia.

Em seguida vem o single “Madness”, anunciando o uso do dubstep e influências eletrônicas, com sintetizadores marcando o andamento da música. Matt canta de uma forma mais sensual, possui um solo pequeno, mas muito esperto, demonstrando todo talento do líder da banda. A música vai aumentando, mas sempre ressoando como um remix, no bom sentido da coisa. A letra é um devaneio malicioso sobre relacionamento.

“Panic Station” é minha preferida até aqui. É um funk metal! Por incrível que pareça, o Muse faz um som a la Faith no More ou dos melhores momentos do Red Hot Chili Peppers. A música é sensacional, certamente uma das melhores do ano. É suingada, possui sintetizadores, vocais incríveis, dando o tom que a melodia pede, com direito a um solo que Tom Morello assinaria embaixo. Faixa surpreendente que abre ainda mais o leque que abrange a variedade de composições do trio.

A quarta faixa é “Prelude”, um tema instrumental, com um coro ao fundo num dado momento, que anuncia a primeira música do novo disco lançado pela banda “Survival”, que acabou se tornando tema das olímpiadas e inicia com teclados, anunciando uma interpretação poderosa de Matt. A música soa como uma “We Will Rock You” do novo milênio, de forma meio pretensiosa talvez, mas se aplica muito bem a competições, devido a sua letra com frase do naipe de: “Eu vou vencer”, “Não vou desistir” e “Eu escolho sobreviver”. Quanto à melodia, é grandiosa como sempre, com coros, um bom solo, daí a escolha para ser tema dos jogos.

“Follow Me” é mais pop e lembra o The Killers, com sintetizadores dando camadas à canção. Já “Animals” tem uma melodia estranha, densa, com uma eventual guitarra abrilhantando a canção. Possui uma ótima letra que questiona o sistema atual. Na melodia, assim como em todas as músicas do grupo, parece que há duzentos músicos tocando, porém muitas vezes não passam dos três integrantes e dois ou três músicos de apoio. É outro dos destaques do disco. Já “Explorers” é outro dos pontos altos do disco. Inicia com uma cantiga de ninar, porém com letra angustiante, possui uma longa primeira parte, na segunda aumenta um pouco o andamento, porém de forma suave. Uma semi balada e acima de tudo uma linda canção.

A melodia da guitarra de “Big Freeze” poderia ter sido composta por The Edge, do U2, banda que cujo trio é comumente comparado, até como sucessor dos dinossauros irlandeses. A música é grudenta e ótima, com uma levada pop anos oitenta e um frescor agradável, numa letra otimista, como as de Bono Vox. Possui novamente um ótimo solo de guitarra.

Outra novidade é Christopher cantando “Save Me” e “Liquid State”, sendo a primeira uma melodia pop que não chega a empolgar e a segunda soa como alguma canção do Radiohead, com uma melodia acelerada e Chris cantando de forma urgente suas angústias.

O disco encerra com as duas faixas que dão nome ao álbum “The 2nd Law: Unsustainable” e “The 2nd Law: Isolated System” e ambas falam sobre a segunda lei da termodinâmica, que fala sobre a irreversibilidade de um sistema, transferindo esse conceito para a nossa a sociedade atual, eles fazem uma espécie de trilha de ficção científica, quase sem vocais, com trechos falados por uma voz feminina, outros por vozes masculinas a até uma voz robótica na primeira. Uma obra complexa, típica dos álbuns da banda.

O disco possui de tudo que a banda faz de melhor, desde influências de Queen, passando por Stevie Wonder, Radiohead, Rage Against The Machine, entre outros. Está tudo ali, num caldeirão que torna todas essas referências algo original e que pode ser reconhecido de longe, pois é um som com identidade, a banda impõe sua marca em cada composição. O trio consegue ser pop sem parecer apelativo, consegue ser grandioso sem soar prepotente (na maioria das vezes) e o mais importante, consegue compor e produzir grandes canções que fogem do marasmo que parece ter dominado a música pop em alguns momentos.


Turnê de divulgação do disco


Após um dos lançamentos mais aguardados do ano, o Muse segue como uma das grandes esperanças da música pop mundial, sendo um dos únicos representantes da nova geração com potencial para lotar festivais e assumir a responsabilidade de tocar em estádios. Chegou a hora de provar se estão ou não prontos para seguirem o caminho das bandas veteranas que seguem carregando multidões por onde passam, como o U2 e o Depeche Mode. Ao ser questionado sobre estar pronto para ser de vez o novo U2, Matt foi direto: “Sim. Agora se vamos ser de fato, é outra história”. E é isso, o Muse já é uma grande banda, veremos  o lugar que o tempo destinará a eles, se de astros do pop mundial ou eternas promessas.




David Oaski