quinta-feira, 7 de março de 2013

R.I.P. CHORÃO

Chorão esbravejando suas rimas

A essa altura, você já deve ter recebido uma enxurrada de notícias falando sobre a morte do vocalista do Charlie Brown Jr., Alexandre Magno Abrão, o Chorão, encontrado morto em seu apartamento na cidade de São Paulo ontem, dia 06/03/13.

Fiquei chocado com a notícia e achei melhor aguardar ao menos um dia para tentar organizar os pensamentos e prestar uma merecida homenagem a um cara que com sua música esteve presente em diversos momentos da minha vida.

Ainda novo, no início da banda
Através do Charlie Brown, a voz de Chorão foi trilha sonora constante na minha adolescência e de grande parte da minha geração e está intrinsecamente ligado a boas recordações, momentos divertidos e shows inesquecíveis.

Suas letras podem ser consideradas pelos intelectuais, muito singelas ou voltadas aos adolescentes, mas é inegável que o cara tinha o poder de organizar as letras e melodias da banda e transformá-las em grandes hits, sendo uma das últimas bandas a atrair público de fora do circuito do rock a comprar seus álbuns e ir aos shows. Sobre influência forte do punk rock e do rap, Chorão sempre falou sobre a realidade nua e crua das ruas, diversão, mulheres, putaria, skate, diversão, etc, enfim tudo que aqueles que têm espírito jovem são apaixonados.

Chorão definitivamente tinha o espírito jovem, não tendo deixado morrer aquele pavio de revolta e inconformismo adolescente metendo o foda-se para tudo e para todos. Infelizmente os abusos desse estilo de vida extremo acabaram por lhe custar a vida.

Formação clássica do Charlie Brown Jr.
Por ser do Guarujá, sempre tive muito orgulho da postura do cara, de sempre lembrar de suas origens caiçaras, do estilo de vida desleixado, do jeito de se vestir, de se comportar, da forma como ele dava entrevistas. Enfim, minha formação foi muito influenciada pela geração do rock dos anos 90, com Charlie Brown Jr., Planet Hemp, Raimundos, ainda pegando um pouco de Detonautas e CPM 22. Goste ou não, os caras tinham personalidade e o som era muito honesto e divertido.

Nesses últimos discos da banda fiquei com a impressão de que eles vinham seguindo uma certa fórmula, com baladinhas certeiras para tocar na rádio FM e virar hit de citações em redes sociais, mais ou menos na linha do que o Capital Inicial fez depois do Acústico Mtv. Mesmo assim sempre respeitei a banda e continuei ouvindo meio que por osmose. Com a volta dos integrantes originais Champignon e Marcão fiquei com a esperança de que voltassem a velha forma, mas infelizmente não saberemos o que viria a seguir.

É curioso ver que um cara como o Chorão, popular, idolatrado por no mínimo duas gerações, ficar deprimido, se sentir sozinho e quebrar emocionalmente. Esse fato leva a uma reflexão inevitável de que isso pode acontecer com qualquer um e que definitivamente essas doenças que influem o nosso lado psicológico são o mal da nossa geração.

Ao invés de cultivar essa lembrança triste do fim da vida do cara, levarei a lembrança de toda destreza do cara comandando a plateia e de todas as letras e mensagens de positividade deixadas ao longo dos vinte anos de banda.

Descansa em paz Chorão.



David Oaski



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