sexta-feira, 28 de junho de 2013

O INESGOTÁVEL KEITH RICHARDS


Certos caras nascem com um dom, isso é um fato. E com músicos, mais precisamente guitarristas não é diferente, como exemplos clássicos podemos citar Jimmy Page, Jimi Hendrix, Eric Clapton e o inesgotável Keith Richards.

O cara não é tão virtuoso quanto os outros três, mas consegue da mesma forma transformar cada acorde que sai do seu instrumento em algo grandioso, cheio de precisão e feeling, capaz de tocar uma pessoa tão profundamente como só magos da música fazem.

Tocando com sua banda, que você já deve ter ouvido falar, um tal de Rolling Stones, há 50 anos, Keith segue tirando da cartola timbres, melodias e riffs precisos que parecem inesgotáveis diante da singela genialidade do guitarrista. Ele nunca teve o perfil de elaborar solos mirabolantes – mesmo tendo técnica de sobra para fazê-los -, sempre optando por dar o toque certo a que cada canção pede, com precisão cirúrgica. Seja nas músicas mais agressivas, baladas, country ou gospel sempre se nota o toque especial que as cordas de Keith dão a cada canção.
Keith Coroa (tocando como um garoto)

Além de músico brilhante, sua figura ao lado do carismático vocalista dos Stones, Mick Jagger formam uma das duplas mais admiradas e emblemáticas do rock n’ roll. Nos palcos, o entrosamento é nítido, já no backstage não tanto, já que acumulam tantas brigas quanto composições em parceria. Mas mesmo assim, os dois seguem se aturando e garantindo a longevidade da banda para o deleite dos fãs.

Hoje, aos 69 anos, Keith se mostra ainda em forma apesar dos infinitos abusos com drogas e alguns problemas de saúde, as apresentações recentes da banda em comemoração aos 50 anos de carreira e as gravações inéditas lançadas ano passado para uma compilação: “Doom And Gloom” e “One More Shot” mostram que o talento de Richards é intrínseco e durará pra sempre, pois inevitavelmente vai haver um garoto sendo enfeitiçado pelos riffs deliciosos de “Satisfaction”, “Miss You”, “Gimme Shelter” e diversas outras.

Siga inspirando gerações mestre!



David Oaski





quarta-feira, 26 de junho de 2013

A FASE SUJA DOS TITÃS


A história dos Titãs é curiosa, pois ao contrário de outras bandas, esta que hoje é considerada uma das maiores – senão a maior – bandas do rock nacional, esteve próxima de ficar sem gravadora e com um destino totalmente incerto.
Após o lançamento dos dois primeiros álbuns: “Titãs”, de 1984 e “Televisão”, de 1985, a banda não obteve o sucesso que era esperado pela gravadora WEA, pois apesar dos sucessos “Sonífera Ilha” e “Televisão”, as melodias eram realmente pouco inspiradas, tanto que muitas faixas seriam sucesso anos depois com nova roupagem, como “Marvin”, “Go Back”, “Insensível” e “Pra Dizer Adeus”.
Os rumos da banda mudariam de forma decisiva após a prisão de Arnaldo Antunes e Tony Bellotto por posse de drogas. Munidos de toda revolta causada pelo fato, os Titãs gravariam um dos melhores álbuns da história do rock: “Cabeça Dinossauro”, de 1986 que mostrava uma banda mais madura e entrosada, incluindo boa dose de peso em suas canções os caras finalmente mostraram a que vieram, arrebatando crítica e público.

A banda lançaria na sequência duas outras obras primas: “Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas”, em 1987 e “Õ Blésq Blom”, em 1989, formando talvez a melhor trinca de discos lançados na sequência por uma banda nacional.
E assim acabavam os anos 80, a fase de ouro e mais lembrada do rock nacional até hoje, de onde os Titãs saiam mais do que prestigiados, com álbuns que flertavam com punk, rock de garagem, funk, reggae, MPB, eletrônico e tudo que mais que pintasse pela frente, sempre com letras interessantes, ora geniais, ora despretensiosas, mas nunca soando vazias.

Na década seguinte, o rock não gozou da mesma alegria, pois com a ascensão de ritmos como pagode e sertanejo, somados ao desgaste natural da super exposição das bandas e a catastrófica gestão Collor, o período era de incertezas para o rock nacional.

A banda resolve então voltar a investir no rock cru e pesado e lançaria dois álbuns sensacionais, mal compreendidos na época e obscuros atualmente: “Tudo Ao Mesmo Tempo Agora”, de 1991 e “Titanomaquia”, de 1993.

Capa de "Tudo Ao Mesmo Tempo Agora"
O primeiro foi produzido pela própria banda e traz uma sonoridade crua, remontando o rock de garagem dos anos 70 e trazendo influência do ascendente rock alternativo americano, da cena que ficaria conhecida como grunge, trazendo guitarras distorcidas e canções com um andamento mais rápido do que a banda vinha fazendo. O álbum foi taxado na época como infantil e escatológico, devido principalmente às letras de “Isso Para Mim É Perfume”, de Nando Reis, com frases do tipo: “amor, eu quero te ver cagar” e “Saia de Mim”, de Arnaldo Antunes. Porém a análise se mostra extremamente equivocada, pois analisadas dentro do contexto do disco e da melodia que se encontram fazem todo sentido. O álbum contem ainda verdadeiras pérolas, como “Clitóris”, “O Fácil É O Certo” e “Eu Não Sei Fazer Música”.

Capa de "Titanomaquia"
Já o segundo é ainda melhor, mantendo a pegada agressiva, a banda adere de vez a onda grunge, recrutando o produtor Jack Endino, famoso por trabalhos com Nirvana, Soundgarden e Mudhoney. Esse disco marca também o primeiro registro sem Arnaldo Antunes, que saiu da banda para investir em projetos pessoais, mas ainda assim assina autoria de diversas faixas em parceria com os outros integrantes. Trata-se de um baita disco de rock que traz como destaques: “Será Que É Isso Que Eu Necessito”, “Nem Sempre Se Pode Ser Deus”, “Disneylândia”, “Estados Alterados Da Mente” e “A Verdadeira Mary Poppins”. As letras são novamente um show a parte, trazendo a sempre positiva diversidade de composições, porém dessa vez trazendo temas mais obscuros, característica também oriunda do som de Seattle.

É curioso notar que uma banda tão boa e com uma carreira tão consistente como os Titãs chegou num nível tão alto com os três petardos dos anos 80, que é comum ao avaliar a discografia dos caras colocar esses dois álbuns da fase mais crua e suja numa qualidade menor, no entanto, nem por isso são discos a serem desprezados, muito pelo contrario, são ótimos discos de um tipo de rock raro no país.

Depois dessa fase, os Titãs voltariam ao rumo mais comercial de seu som, mas lançando bons discos até hoje e fazendo shows por todo o Brasil.

Que o tempo reconheça o valor da fase raivosa dos Titãs, o que seria muito garboso.




David Oaski




segunda-feira, 24 de junho de 2013

VOCÊ (NÃO) SABE QUE ESTÁ CERTO


Você tem toda convicção de que aquele é, de fato, o melhor caminho a seguir. Sua intuição o faz seguir em frente de forma voraz e arrojada, porém ao dar de cara com a realidade percebe que não era nada daquilo que esperava e que suas expectativas sequer procediam e tudo o que resta é encarar o peso da frustração.

O melhor é seguir o instinto e não a intuição. Claro que isso não é possível sempre, afinal não somos animais selvagens, mas o tal do dizer “faça o que o coração manda” parece ser preciso. Você mira, segue o alvo com determinação, percebe que não era nada do que esperava e o ciclo recomeça.

Por que não recomeçar de forma diferente? Abrindo um leque de possibilidades, sem muita expectativa ou frustração, apenas vivendo e sentindo o prazer de caminhar, de seguir em frente.

Você nunca tem certeza se está seguindo o caminho certo, só em novelas isso acontece. O único jeito de saber é provando, tentando, pegando, quebrando a cara e se você se limita a só o que traça como o ideal, então está vivendo um mundo de fantasia e perdendo boa parte da diversão de viver.

A graça da vida é essa. Ninguém vive só de vitórias. Os infortúnios também tem seu valor. Lute pelo melhor, mas curta tudo que vier.



David Oaski

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A NOVIDADE QUE VALE A PENA: BIG JACK


Vinda de São Paulo, a banda Big Jack surgiu em 2007, com o disco de estreia: “Eu Não Vou Mudar”, fazendo um som calcado no rock clássico e blues, muito influenciado por bandas como AC/DC, Led Zeppelin e Aerosmith, porém cantando em bom português.

A banda é formada por Theo (vocais e guitarra), Borruda (guitarra), Aranha (bateria), Pedro (teclados) e Rafael Rufino (baixo) e apesar do pouco tempo de estrada demonstram cada vez mais entrosamento e coesão, fazendo um som honesto e sem firulas, que tem tudo pra ganhar um público maior no futuro. O nome da banda, Big Jack, já deixa clara a veia rock n’ roll dos caras, pois vem da música homônima presente no álbum “Black Ice”, do AC/DC e que, segundo os integrantes da banda, a letra reflete bem o significado do grupo pra eles: rock n’ roll e companheirismo.

Capa do EP "Não Vá Embora"
Apesar de já ter mostrado seu potencial no primeiro EP, é no segundo lançamento: “Não Vá Embora”, de 2012, que a banda realmente se firma como uma das grandes promessas do rock nacional, pois conseguiu de forma competente somar ao seu som cru, uma boa dose pop, sem perder a pegada roqueira do primeiro álbum, o que torna esse trabalho muito mais acessível. Essa mudança se deve ao fato da produção do ótimo Tadeu Patolla, que já trabalhou em álbuns do Charlie Brown Jr. e Aliados.

São seis músicas com pegada inconfundível, dosando agressividade, refrãos e boas melodias, compostas pelos vocais afinados de Theo e cozinha afiada, com guitarras sempre precisas, mostrando o talento de Borruda. Os destaques são a sacana “Carinha de Menina”; “Coração Quebrado”, que traz um ótimo e desolador retrato do brasileiro médio, mostrando que a banda possui muito conteúdo além da energia rock n’ roll; e a faixa título, que trata-se de uma excelente balada.
A banda em ação

Cheguei até o som da banda, devido a uma nota na revista Rolling Stone, falando sobre “Não Vá Embora”, e ao entrar no Soundcloud logo de cara notei que se tratava de uma grande banda, que mostra o quanto a receita para fazer rock é simples, basta fazer música com o coração, investir em letras que realmente tenham argumentos e elaborar melodias com um mínimo de criatividade, que o resto das coisas fluem e as pessoas irão se identificar.

De forma simples e concisa, o som da banda te atinge em cheio e quando menos esperar, você irá se pegar balançando a cabeça e cantarolando as músicas cheio de energia.

Muito boa sorte ao caminho do Big Jack.




David Oaski

terça-feira, 18 de junho de 2013

17/06/2013 - UM DIA PARA A HISTÓRIA



A pouco mais de um ano fiz um post chamado “Enquanto Isso Em Brasília” (http://rockideologia.blogspot.com.br/2012/06/enquanto-isso-em-brasilia.html), em que contava de forma totalmente utópica uma história de revolução, em que o povo, cansado das mazelas do sistema, invadia o congresso e tomava o poder.

Ontem aconteceu algo semelhante, que eu não imaginava ser possível frente a tanta passividade e omissão de tantos anos da sociedade brasileira. De forma inédita na minha geração, a massa foi à rua protestar, contra as mais diversas adversidades encontradas no dia-a-dia e o mais importante, exercer seu poder de cidadão, lutando por seus direitos.

Tudo começou na semana passada, quando os estudantes de São Paulo foram às ruas protestar contra o aumento da tarifa de ônibus em R$ 0,20. A reação mais comum dos acomodados foi a de sempre ao ver qualquer manifestação de rua: “Não vai adiantar nada”, e seguem reproduzindo isso como velhos rabugentos.

Esses protestos desencadearam manifestações ao redor de todo país pelas mais diversas causas, desde tarifa de transporte público, segurança, saúde, educação e principalmente a realização da Copa do Mundo no Brasil, sendo que temos inúmeras outras prioridades a frente de um evento como esse.

Das grandes capitais às pequenas cidades do interior, o povo foi às ruas, com faixas, cartazes e coração em mãos em busca de um país mais digno de se viver. Ao que parece, deu a cota, a população cansou do descaso dos nossos governantes diante de problemas que assolam a nação ad eternum.

É curioso notar como grande parte da mobilização dos protestos foi feito na Internet através das redes sociais. Minha geração que vem se caracterizando pela alienação e individualismo parece que finalmente acordou e se realmente estiver disposta a mudar os rumos do nosso país, tem tudo pra conseguir, pois com a globalização e tecnologia, temos o mundo em nossas mãos.

Que a garotada finalmente queira mais que Tchu Tcha e brigue por um Brasil melhor.

Depois de muito tempo posso dizer que tenho orgulho de ser brasileiro!



David Oaski



sexta-feira, 14 de junho de 2013

O DISCO DA MINHA VIDA


Eu devia ter uns 14 anos e desde sempre o rock era o ritmo com o qual eu mais me sintonizava sabe? Aquela vibração que você simplesmente sente, não achando palavras pra explicar, então mais ou menos por aí.

Porém um garoto de 14 anos não tem personalidade formada, ainda está identificando seus gostos, conhecendo diversas coisas novas e muitas vezes sendo influenciado pelo meio em que vive e pessoas que o cercam.

Nessa época eu estava numas de achar que rock era coisa de velho, que ninguém da minha idade ouvia e que eu não ia comer ninguém ouvindo aquela barulheira. Pois é, eu tentei me enganar.

Eu já tinha tido algumas fitas K-7 (sim, tenho 25 anos e ainda peguei o final dessa fase) de bandas como Raimundos e Charlie Brown Jr. e tinha um CD pirata do Acústico Mtv, do Capital Inicial, que ouvi até furar, porém ainda ouvia alguns pagodes mela cueca e outras porcarias que tocavam na rádio.

Tudo mudou quando comprei o CD com uma capa estranha, só o formato do rosto de um cara cantando ao microfone e o nome abaixo: Nirvana Unplugged 2. Eu já havia ouvido falar do Nirvana, óbvio, é um nome que está embutido no imaginário pop de qualquer um que não tenha passado os últimos 20 anos em Júpiter, mas não conhecia o som de Kurt Cobain e sua trupe.

Até então eu tinha um preconceito com bandas que cantavam em inglês, pois como iria curtir um som, cujo não sei o que o cantor está dizendo. Ledo engando. O Nirvana me faria mudar totalmente minhas perspectivas, ouvindo aquele CD diariamente durante muito tempo.

As músicas traziam urgência, rebeldia e revolta que me bateu de um jeito único, que fez com que eu me identificasse e pensasse: “Esse cara me entende” e na música dele talvez eu pudesse me encontrar.

O disco é um lançamento pirata, sendo que mesmo hoje em dia é difícil achar informações dele no Google, até porque o disco não tem nada de unplugged, pois trata-se de uma coletânea, abrindo com “Come As You Are”, seguindo com “Smells Like Teen Spirit”, “Lithium” e por aí vai. Não é difícil entender tamanho encanto, certo?

Esse é o disco da minha vida, que mudou os rumos do meu gosto musical e quem sabe da minha vida como um todo, já que dizem que são as pequenas escolhas que determinam nossos caminhos. Então só tenho a agradecer ao Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl pelo bem que me fizeram.

E você, qual disco mais marcou sua vida?


David Oaski


segunda-feira, 10 de junho de 2013

RESENHA: O PREÇO DO AMANHÃ


Nota: 8,0

Lançado em 2011, “O Preço do Amanhã” (título original In Time) estrelado por Justin Timberlake e Amanda Seyfried se passa no futuro, num mundo em que a moeda financeira é o tempo e não mais dólares, reais ou euros. Cada indivíduo nasce com um marcador inserido em seu pulso que dispara quando cada um completa 25 anos. A partir desse momento a contagem é regressiva, de modo que os ricos se mantém e chegam a viver centenas de anos, enquanto os pobres trabalham a troco de remunerações miseráveis sempre recebendo quantias mínimas de tempo para se manterem vivos ou ainda são largados à marginalidade, roubando ou mendigando por tempo. Os pagamentos são feitos através de um aparelho que coleta o tempo, mas também podem ser transferidos de uma pessoa para outra, basta segurar o pulso de outrem que a transferência é feita.

Will Salas (Timberlake) é um membro da classe operária que conta com não mais que um dia para sobreviver, porém ele se mostra muito incomodado com o sistema que o mundo se encontra, com tamanhas desigualdades de classes e explorações contínuas dos mais pobres.

Uma das muitas cenas em que os protagonistas aparecem correndo
A história se desenvolve a partir de um encontro de Will com Henry Hamilton (Matthew Bommer) num bar, onde o mesmo é tratado como rei, rodeado por mulheres e pagando drinks a todos. Henry possui mais de um século, o que o torna milionário numa sociedade em que o tempo é a moeda. Diante de tanta ostentação, entra em cena os “Minute Men”, que formam um grupo de guardiões do tempo (algo equivalente à polícia no nosso mundo), um dos membros desse grupo é corrupto e quer tomar o tempo de Henry, porém num ato de coragem Will entra em cena e salva o rapaz.

Durante a fuga, após despistar os minute, Salas invade um galpão para se refugiarem durante a noite. Ao abordar Henry sobre o porque de tanta ostentação seguida de passividade diante dos policiais, ele se mostra deprimido, questionando a posse de tanto tempo, diante dos mais de 100 anos que ele já tinha. Ele queria morrer. Ao despertar Will nota que possui todo o tempo de Henry consigo e vê o mesmo pela janela na mureta de uma ponte, prestes a se jogar. O tempo de Henry se esgota e ele cai da ponte, Will não chega a tempo de salvá-lo.

Com a morte de sua mãe, causada por um aumento na tarifa de ônibus – ela morre nos braços do filho que corria em seu encontro – Will mesmo com todo tempo que possui nada pôde fazer para ajuda-la, pois o tempo dela se esgotou pouco antes deles se encontrarem. Inconformado e procurado pelos minute men, Salas resolve viajar para Greenwich, uma metrópole, povoada pela alta classe.

Após longa viagem em que as passagens são cobradas em barreiras como pedágios, Will se hospeda num hotel caríssimo e procura um cassino. Lá aposta com Phillippe Weis de quem ganha um valor alto, num jogo de muito risco em que lhe sobram poucos segundos na mesa. Will flerta com a filha de Philippe, Sylvia Weis (Amanda) que o convida para uma festa na mansão da família, com o pretexto de seu pai recuperar o tempo perdido em novas apostas.

Durante a festa na mansão, Will é autuado pelos minute men e foge sequestrando Sylvia. Ele resolve cobrar resgate do pai de Sylvia, que se recusa a pagar. Após muita hesitação e revolta de Sylvia eles passam a ter um affair enquanto fogem.

A trama se desenrola até Will e Sylvia bolarem um plano para roubarem um milhão de anos de seu pai, para isso eles invadem a empresa dele e roubam seu cofre, distribuindo o tempo na periferia onde Will mora.


Considerações Finais

Notam-se vários paralelos entre o mundo em que a trama se desenrola e o mundo real, em que vivemos. A loucura em busca de dinheiro o tempo todo, a correria pra todo lado e, claro, as enormes desigualdades sociais, onde os ricos vivem centenas de anos e os pobres têm de lutar pra sobreviver mais um dia.

O elenco é bom, mesmo não achando Justin Timberlake tão talentoso como ator como dizem, ele dá conta do recado, cercado por atuações competentes de Amanda, Cillian Murphy e Alex Petyfer.

Diante do marasmo do cinema atual, que ou lança blockbusters que se consolidam pelo visual repleto de explosões e feitos impossíveis; ou lança filmes conceituais sem pé nem cabeça; é muito bom ver um enredo criativo e original como o de In Time, pois além de entreter nos desperta a pensar sobre questões mundanas que afligem nossa sociedade.



David Oaski

sexta-feira, 7 de junho de 2013

FARSA POPULAR


Essa semana surgiu uma polêmica em torno dos artistas mais badalados do sertanejo universitário. Foi divulgado pelo colunista Léo Dias, do Jornal O Dia, um esquema em torno dos videoclipes de artistas como Luan Santana e Gustavo Lima, em que um agente é contratado para fazer bombar o número de visualizações nos canais de Youtube dos músicos.

Além disso, também já ouvi falar de ferramentas que são comumente utilizadas por artistas em que seu número de curtidas (Facebook) ou seguidores (Twitter) são alavancados de forma totalmente artificial. Realmente não é difícil acreditar nesse tipo de coisa, afinal quem nunca notou que havia uma página que você nunca havia curtido em meio às atualizações de seu perfil em redes sociais.

A notícia foi divulgada como um escândalo, porém não fico surpreso com esse tipo de ação. Só alienados não percebem o quanto somos bombardeados de informações fúteis, música sem conteúdo, filmes vazios e seguimos como essa massa burra que é muito mais interessante para as autoridades e governantes. Lembremos, o Brasil é o país do Carnaval.

Na minha visão, um esquema desses pode até influenciar o gosto popular, mas o que mais me assusta é o comportamento dos indivíduos. Esse modo de pensar de só gostar do que todos gostam para ficar “in” com a moda dá náuseas.

A grande questão que fica após ler a notícia não são os melindros dos empresários dos artistas que, diga-se, acontecem desde sempre através dos jabás, o que surpreende é que o povão siga gostando de estilos musicais sem conteúdo e engole cada nova moda da estação sem pestanejar. O vídeo pode ter 10.000.000 de acessos que eu nem ficarei sabendo, no entanto a verdade é que as pessoas realmente vão atrás dessas porcarias.

O pensamento (se é que pensam) é o seguinte: “Tá tocando, então foda-se, vamos curtir”. E os governantes seguem curtindo com a nossa cara.


David Oaski


quarta-feira, 5 de junho de 2013

RESENHA: TIHUANA - AGORA É PRA VALER


Nota: 7,0

Após sete anos desde o lançamento do último álbum de inéditas, os paulistas do Tihuana estão de volta com seu sexto disco de estúdio: “Agora É Pra Valer”, resgatando a sonoridade das origens da banda.

A banda surgiu em 2000, com o lançamento do seu mais bem sucedido álbum: “Ilegal”, que continha os hits “Pula” e a canção que viria a se tornar conhecida dez anos depois através do filme homônimo, “Tropa de Elite”. Desde então a banda segue uma carreira consistente fazendo rock, com elementos do pop e da música latina, mas sempre livre de qualquer rótulo e sendo muito competentes dentro da proposta que seguem.

“Agora É Pra Valer” sacia a sede dos fãs da banda e do rock nacional que estavam carentes pelos sons irreverentes e alto astrais da banda. Ao longo das 15 faixas, o Tihuana põe de lado as baladas românticas do álbum antecessor “Um Dia De Cada Vez”, retomando o pop rock radiofônico que eles fazem como poucos.

Formação atual da banda
O disco abre com “Minha Rainha” que conta com a participação de Digão dos Raimundos. O convite, conforme declarado pela banda, se deu porque eles acharam que a canção tinha uma levada parecida com a da banda brasiliense. O resultado ficou muito bom e a faixa é um dos destaques do álbum. Aliás, é curioso notar que nessa época de cada vez mais bandas independentes vemos tantas participações especiais em álbuns, fato que não ocorria quando os burocratas das gravadoras tomavam conta do mercado fonográfico nacional.

O álbum marca também a substituição do percussionista Baía por Fouad, que mantém a pegada da barulheira da cozinha. Os destaques nas melodias seguem com as guitarras de Léo ( o Seu Ronaldão do Rockgol), seguido pelo baixo e bateria extremamente coesos de Román e P.G., respectivamente. Os vocais de Egypcio seguem com variações mais suaves até tons mais sacanas e agressivos que sempre me lembram Zack de La Rocha.

Algumas das canções já eram conhecidas pelo público mais atento, pois já haviam sido lançadas pela banda na Internet, tais como “Vem Pra Festa” (antes “Festa de Louco”) e “Minha Rainha”, além de “Comboio do Terror”, que já havia sido lançada na trilha do filme Tropa de Elite 2.
Trecho do clipe de "Minha Rainha" com Digão

Outros destaques são a pesada faixa título; “Perto de Você, Longe De Mim”, que possui ótimo acompanhamento de violão; “Vento Do Sul” que pode se dizer que é um misto de country norte americano com rockabilly; a balada cantada em espanhol “Mi Corazón”; e “Herói de Plástico” que fala sobre sustentabilidade.

Como tenho dito, sinto falta de bandas de rock com pretensão de tocarem em rádio e estarem presentes nos programas de palco da tv, brigando por espaço com o sertanojo universitário e pagodes mela cueca. Não adianta as bandas seguirem com essa síndrome de underground e o rock perdendo cada vez mais espaço em todos os seguimentos. Goste-se ou não do som do Tihuana, Detonautas, CPM 22 e afins, é preciso reconhecer seu valor e empenho em buscarem seu lugar ao sol entre os espaços contaminados pelas modas da estação.

Como o título do álbum sugere, o Tihuana voltou pra valer, inserindo no disco tudo que os consagrou ao longo da carreira: reggae, harcore, pop, música latina, baladas, tudo isso sempre conectado pela boa vibração que suas canções e álbuns transmitem.

Que outras bandas nacionais ponham a mão na massa pra valer e não fiquem arrecadando fundos milionários com a lei rouanet para fazerem turnês caça níquel.



David Oaski


segunda-feira, 3 de junho de 2013

POPSTAR


Neymar é um popstar. Definitivamente um popstar. Tem todos os predicados que o qualificam a esse status: é um jogador de futebol talentoso, é carismático e um ótimo garoto propaganda. Enfim, a imagem de Neymar vende e todos de uma forma ou de outra acabam se interessando pelos rumos da vida de um cara que aos 21 anos já é milionário e tem um dos rostos mais populares do Brasil e do mundo.

Após esgotar as possibilidades no time que o revelou, o Santos, Neymar irá buscar novos horizontes numa das melhores equipes do mundo, o Barcelona, da Espanha, onde jogará ao lado de alguns dos maiores jogadores do futebol mundial na atualidade, como Lionel Messi, Andrés Iniesta e Xavi Hernandez. Um clube que além de possuir talentos individuais imensuráveis, possui um time muito forte e um modo de jogar único, de passes curtos e rápidos, marcando pressão na saída de bola do adversário e com infiltrações rápidas da ponta pro meio do seu camisa 10, o melhor jogador do mundo, Messi.

Apesar de extremamente jovem, Neymar carrega consigo uma enorme responsabilidade por ser o melhor jogador da seleção brasileira que está prestes a disputar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo em casa. Mesmo com toda essa pressão o garoto não parece se abalar, pelo contrário, segue jogando todos os jogos e aparece em 8 entre 10 comerciais de Tv.

Há muita expectativa sobre o futuro da carreira do rapaz, sendo que alguns creem que ele será eleito melhor do mundo muito em breve e outros acham que ele será um novo Robinho – outro jogador revelado no Santos que surgiu com status de novo Pelé, porém nunca figurou entre os melhores jogadores do mundo.

Sabe-se que no mundo do futebol as análises são muito imediatistas, mas creio que as duas correntes sejam muito radicais. Primeiro, Neymar ainda não está no nível dos melhores do mundo, caras como os já citados do Barcelona, Cristiano Ronaldo, Ibrahimovic, Van Persie, Robben, Frank Lampard, Falcão Garcia, entre outros, são caras que já provaram seu potencial jogando futebol no primeiro nível durante algumas temporadas. O brasileiro ainda precisa se provar diante de grandes adversários para ser colocado nesse patamar.

Porém quem entende um pouco de futebol, lembra o quanto o Robinho foi alvo de oba-oba da mídia, sendo que apesar de muito habilidoso, o mesmo sempre teve falhas técnicas graves, principalmente nas finalizações, o que é um grande problema para um atacante. Neymar é muito mais completo que Robinho, mais talentoso e mais dedicado taticamente, o que é fundamental no futebol atual.

Enfim, respostas definitivas só virão com o tempo, mas foi curioso notar quanta mobilização um jogador de futebol ainda é capaz de trazer, ainda mais numa época em que temos acesso a tudo e sua negociação foi confirmada via Instagram.

Que ele se divirta, pois estando feliz, com certeza ele trará muitas alegrias ao catalães e aos que ainda torcem pela seleção da CBF.




David Oaski