segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

RESENHA: ALTA FIDELIDADE - NICK HORNBY



Nota: 8,5

Alta Fidelidade (título original: “High Fidelity”) é um livro escrito por Nick Hornby lançado em 1995. Rapidamente se tornou um best seller e um clássico moderno.

Protagonizado e narrado por Rob Fleming, um britânico de trinta e cinco anos, dono de uma loja de discos e que acaba de terminar um relacionamento, dando vazão à crise da meia idade.

Rob tem um conhecimento musica privilegiado, por conviver entre discos, por coleciona-los e por ser vidrado em música pop, chegando a atribuir a esta várias vezes sua infelicidade no amor, afinal é impossível não sofrer por amor sendo bombardeado por canções que falam de perdas e desamores, como ele fala em algumas passagens do livro.

Na loja de discos, a Championship Vinil, ele trabalha com Dick e Barry, Dick é introvertido e adora ouvir coisas novas, já Barry é solitário, irônico e grosseiro na maioria das vezes. Na loja, os três passam o tempo bolando mixtapes e fazendo top 5 de diversos temas, como as cinco músicas para tocar em funeral, cinco melhores primeiras faixas de um álbum e por aí vai.

Nick Hornby - ótimo autor e roteirista
Ao terminar o seu relacionamento com Sara, Rob ao invés de lidar com maturidade com a situação, resolve listar os cinco piores términos de namoro de vida dele. Seu grande prazer ao listar as pataquadas é que Sara não está na lista, o que soa como uma vitória pra ele.

Sara terminou com Rob, pois estava se sentindo parada no tempo, além do que ela já havia perdoado uma traição do então namorado e ficado grávida no mesmo período, ao saber da traição resolveu abortar, sem consultar Rob, que sequer sabia da gravidez, ele ficou arrasado. Rob também havia pegado uma quantia significante de dinheiro emprestado com Sara e nunca havia pago. Sara então saiu da casa de Rob e foi morar um tempo com o vizinho de cima, Ian, com quem ela estava tendo um caso.

De início, Rob tenta levar numa boa, porém notando a cada dia como Sara lhe fazia falta ele resolve retomar contato e mais, resolve entrar em contato com todas as cinco ex namoradas listadas no final do relacionamento. Conversando com os antigos casos, Rob percebe que muito das suas lembranças doloridas não se valiam, pois as pessoas ou tinham se tornado desinteressantes ou reconheciam que erraram ao terminar com ele.

Pra tentar superar Sara, Rob se envolve com Marie, uma cantora americana, extremamente sexy e divertida, porém a química não prevalece no sexo e o encontro se mostra vazio, o que faz ele sentir ainda mais falta de Sara.

A situação se inverte quando o pai de Sara morre e o casal acaba se reaproximando e volta a morar junto, porém sem nenhum sentido piegas ou intenção de conto de fadas do autor, pelo contrário, ambos sentem que devem ficar juntos, um pouco por se amarem, mas mais por ser muito difícil encontrar alguém legal e com afinidades nessa idade.

Rob então passa a fazer planos de abrir um selo para lançar discos e Sara o incentiva a fazer pocket shows na sua loja e voltar a discotecar, coisa que Rob não fazia há décadas.
Rob enfim percebe que é hora de sossegar no âmbito amoroso e se mover no âmbito profissional. Finalmente Rob resolve encarar a vida adulta.


Considerações Finais

Nick Hornby conseguiu traduzir uma geração em seu romance, além de ser uma das poucas obras que aborda de forma fidedigna muitos dos mitos, anseios e inseguranças do mundo adulto masculino.

Rob (Cusack) e Barry (Jack Black) na adaptação cinematográfica de 2000
Com escrita extremamente fluída e leitura agradável, Alta Fidelidade te prende daquela forma deliciosa, vemos Rob transparecendo um cara seguro, cheio de si, quando na verdade ele está extremamente chateado com o rumo que sua vida tomou. Quantos caras você conhece em situação idêntica?

O autor revela através de Rob uma faceta pouco explorada na literatura e cinema até então, o homem de meia idade, amargurado e inseguro, que não demonstra a ninguém como se sente de verdade, construindo uma casca, guardando cada vez mais seus sentimentos em algum lugar escuro da alma.

Cerceando de forma bela a história com cultura pop, Alta Fidelidade vai além das desventuras amorosas de Rob, pois mostra um cara extremamente apaixonado por música, que ama os sábados, quando sua loja tem mais movimento e pode fazer a vontade daqueles procuram um disco especial, assim como tirar sarro daqueles que nem sabem o que estão fazendo ali. Não à toa, o livro virou um clássico instantâneo e ganhou adaptação cinematográfica nas mãos de John Cusack (que interpretou Rob) marcando uma época em que ouvir e comprar discos fazia parte da rotina da sociedade.


David Oaski


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