quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

TOP 5: ÁLBUNS ROCK NACIONAL ANOS 80

Como disse num post recente o rock nacional segue produzindo excelentes bandas, porém nem por isso deixo de gostar da fase tida como clássica do rock nacional, os anos 80. Na época o rock era a bola da vez, a galinha dos ovos de ouro das gravadoras, os queridinhos dos programas de auditório e presença dominante nas rádios AM e FM.

A comparação é esdrúxula, mas o rock nos anos 80 foi o que é hoje o sertanejo universitário, uma mania que se espalhou por todo o país, só que convenhamos, uma mania com muito mais conteúdo e gente inteligente envolvida. Claro que no meio dos talentos acabaram aparecendo algumas porcarias que o tempo fez questão de esquecer.

Muitas das bandas surgidas naquela época, hoje possuem status de classic rock do nosso país, algumas lidando bem com a passagem do tempo como o Capital Inicial, outras ficando pelo caminho, outras caindo no ostracismo e outras vivendo de celebrar o próprio passado ao invés de produzir e compor coisas novas.

Grandes bandas dos anos 80 temos aos montes, porém poucas conseguiram o êxito de produzir um disco inteiro bom, com composições ricas do início ao fim, formando obras enxutas, fazendo jus ao conceito de álbum, aquele punhado de canções que juntas passam a fazer mais sentido do que fariam avulsas, que retratam um momento, um conceito, uma estética do que a banda se propõs a fazer naquele trabalho.

Pensando nisso, resolvi listar meu cinco álbuns de rock nacional preferidos dos anos 80. A lista não está numa ordem de preferência, mas são os discos que vou ouvir pro resto da vida.

Lá vai:


Ira! – Vivendo E Não Aprendendo

Como falei antes, não são poucos os bons álbuns lançados nos anos 80, mas é difícil algum deles superar o segundo álbum do Ira!, banda paulista formada em 1981, que no auge contava com Nasi no vocal, Edgard Scandurra na guitarra, Ricardo Gaspa no baixo e André Jung na bateria.

Coeso, lírico e extremamente potente o disco, lançado em 1986, foi o maior êxito comercial da banda, além da manjada “Envelheço Na Cidade”, havia também a forte “Dias De Luta”, a romântica “Flores Em Você” (que foi tema de novela no horário nobre global), a belíssima “Quinze Anos (Vivendo E Não Aprendendo)” e as pouco lembradas, mas não menos ferozes “Casa De Papel”, “Vitrine Viva” e “Nas Ruas”.

O disco é urbano, cru e direto, com exceção de “Flores Em Você” e marcou época com belos arranjos e canções alinhadas no álbum mais consistente do rock nacional dos anos 80. Melodias incríveis oriundas do talento de Scandurra e toda a presença vocal de Nasi fizeram desse álbum um marco na música brasileira.


Carnaval – Barão Vermelho

Ainda se recuperando do baque da saída de Cazuza da banda em 1985, o Barão Vermelho, a melhor banda da história do rock nacional, lançava em 1988 a joia chamada “Carnaval”. Contando somente com três integrantes fixos na formação, Frejat (vocal e guitarra), Dé (baixo) e Guto Goffi (bateria), a banda adicionou às guitarras stoneanas já tradicionais percussão e fez um disco sensacional que os recolocou no primeiro time do rock nacional.

O disco conta ainda com participação de letristas do naipe de Humberto Gessinger, Arnaldo Antunes e Paulo Miklos. Os destaques são a sensacional “Pense E Dance”, a feroz “Não Me Acabo” e a cadenciada “Lente”.

Rock n’ roll na essência cantado em português como pouco se viu no rock brazuca.


Dois – Legião Urbana

Por mais que “Eduardo E Monica” e “Tempo Perdido” toquem em todos os programas de flashback das rádios não há como negar que o segundo disco da Legião, lançado em 1986 é um clássico.

As famosas melodias simples calcadas no rock britânico dos Smiths e Joy Division serviam de base para Renato Russo declamar suas letras fenomenais. “Acrilic On Canvas”, “Andrea Doria”, “Metropole”, “Daniel Na Cova Dos Leões”, enfim, o disco é bom de ponta a ponta e por mais que seja clichê citar a Legião, é impossível fugir desse lugar comum.


Nem Polícia, Nem Bandido – Golpe de Estado

Uma das bandas mais subestimadas do rock nacional, o Golpe de Estado nunca desfrutou do reconhecimento e da fama de seus contemporâneos do Ira! E Titãs, por exemplo, mas fez como poucos hard rock brasileiro.

Com o ótimo Helcio Aguirra nas guitarras e o louco Catalau nos vocais, a banda lançou ótimos discos e esse mostra o grupo no auge, com destaques para as faixas “Paixão”, “Filho De Deus” e a faixa título.

A recente morte do guitarrista Helcio Aguirra trouxe de volta o nome do Golpe às manchetes de rock. Espero que com o tempo eles ganhem, mesmo que com um atraso monstruoso, o reconhecimento merecido.


Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas – Titãs

Apesar do clássico absoluto dos Titãs ser considerado o álbum anterior, de 1986, “Cabeça Dinossauro”, prefiro a linguagem e agressividade de “Jesus...”. Ainda com oito integrantes, os paulistas compuseram faixas do naipe de “Lugar Nenhum” e “Diversão”, duas das melhores da discografia da banda, além de “Corações E Mente”, “Comida” e “Mentiras”, é muita coisa boa.






E pra você, faltou alguma coisa? Discorda? Concorda? Quem sabe rola uma segunda parte do post em breve. Deixe suas dicas nos comentários...


David Oaski




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